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A CRIANÇA, O JOVEM E O VELHO


A CRIANÇA, O JOVEM E O VELHO

Ricardo França de Gusmão


Havia a criança, o jovem e o velho. Havia fogo no mar e o sol estava a poucas semanas da juventude. No céu da incompletude as caravelas do alvoroço. Havia o castelo de água. E as paredes de água do castelo de água eram duras como pedra. Por isso atravessá-las era impossível com a caixa do corpo hermético. Mas os corpos de amor atravessavam pois revestidos de milagre e encanto rompiam as moléculas agrupadas. Os poemas também com a graça das fadas.

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Por medida de economia, nessas terras, foram abolidos os bancos e o dinheiro. Por medida de ética foram abolidas a fome e a exploração. Por medida de eternidade foi abolido o tempo-sem-a-Terra-deixar-de-rodar. E continuou existindo o sol e a lua, o dia e a noite. O vento virou transporte e as pessoas iam nele, pelas árvores, pelas eras. E assim o velho mundo deixou de existir.


Mas havia a criança, o jovem e o velho. Eu era o menino feito de desenho e rabiscos e luzes e traços em alta velocidade alguém me via. Eu era moço na imensidão do azul e dono dos pássaros. Podia voar e respirava no fundo do mar e, assim, condensava os seres. Outros condensavam as cores e até o frio e o calor. Mas ninguém produzia guerra com essas habilidades. E a paz era feita assim.

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Eu era o velho, terceiro elemento da trajetória. E todos eram assim, iguais a mim, desde o primeiro instante, na concepção. A concepção mais pura e exata, antes do homem e da mulher, no mundo velho. A concepção sem beijo, sem toque, sem sexo. Lá atrás e adiante, na caixa planejante das aves, dos répteis e dos peixes. Na caixa dos dinossauros, dos insetos, das árvores. Da caixa, surgiram as nossas mães e as mães das nossas mães.

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