ÓDIOS EM FOGO
- Admin
- 14 de set. de 2024
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Ricardo França de Gusmão
14.9.2024

Ricardo França de Gusmão
14.9.2024
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Meus animais extintos
Em minhas florestas em fogo
Pelos ogros dos afagos dos machados
Pássaros incandescentes, tochas de aves
Cadentes elétricas estrelas da metafísica,
Rastilhos de serpentes em chamas ardentes!
Quem financiou os fósforos, a gasolina,
A logística nesse mapa com imagens
De satélites, georreferenciamentos
Climáticos dos megadados
Em fumaça e cinzas...
.
Quem operou a logística
No tabuleiro geopolítico
Dos biomas
Do Centro-Oeste, Nordeste,
Norte, Sul, Sudeste?
Na Amazônia, Cerrado,
Mata Atlântica, Pantanal,
Caatinga e Pampa?
E há mais!

Quem ateou queimadas
Infernais, em matagais
E nessa louca alquimia
Fez de carvoaria as madeiras
Sumaúmas árvores sagradas
Dos povos ancestrais?
Elevou o calor, e a agonia
Das anomalias respiratórias
Ao nosso Brasil inteiro?
Quem é esse vil carvoeiro?
Que incendeia a mata
Coveiro de gravata!?

Fauna e flora em labaredas:
São Félix do Xingu, Altamira,
Itaituba e Novo Progresso (Pará);
Corumbá (Mato Grosso do Sul), Apuí,
Novo Aripuanã e Lábrea (Amazonas),
Colniza (Mato Grosso)
e Porto Velho (Rondônia),
E há mais!
.
Fogo de guerrilha
Fogo sem bandeira
Quanto há de fogo ainda
Em seu ódio vil metal
De álcool, querosene, gasolina?
No entanto queima o fogo,
O mar de fogo que há
Em mim!
Fogo meu que não apaga,
Fogo de adagas em lâminas
De lágrimas viúvas de águas vivas
Nos corpos dos bichos sobreviventes,
Um oceano em maremoto
De luz contra a sua valentia
Em nome da paz capuz dos mortos
Que arde em cada fresta de floresta
Raiva de fogueira cegueira mínima do ácido
Que agora mora em mim.
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